O fim da (minha) era do carro



Claro, eu já fui fissurado em ter um super carro, mas acho que o auge dessa fantasia foi em plena adolescência. Eram sonhos. A realidade foi um Gordini vinho, o primeiro carro que meu pai comprou, e eu nunca vou me esquecer dele pelo fato de ter sido o primeiro.

Vieram Fuscas e Brasílias (tirando o Gordini, minha família sempre foi fiel à Volkswagen). Fiz muita besteira em carro, como correr, me distrair, avançar sinal. etc mas graças a Deus nunca me aconteceu nada de grave. Quando eu comecei a comprar carro, estagnei no VW Gol. Não queria outra coisa. Não ambicionava. Eu queria (e ainda quero) era andar de trem. Mas a experiência neurótica de ser motorista em São Paulo foi ficando cada vez mais desagradável. E perigosa.


Um dos Gols que eu mais gostei foi esse vermelhinho de chapa BMP-9428. Depois veio a fase dos carros 50 tons de cinza. Aí, já sem a menor motivação, só movido pela "necessidade", comprei meu último Gol - esse DZH-9587 abaixo. que foi dividido com meu filho Ícaro. Um dia, com problemas financeiros, eu vendi o bravo DZH - e essa foto embaixo é o momento em que o comprador leva meu Golzinho querido embora. Não minto: foi triste.


Essa foto marca o último momento em que eu tive um carro. Depois que ele se foi, nem pensei mais em comprar outro. Hoje eu ando pela cidade de metrô, ônibus, trem - e eventualmente um Uber. Sou muito mais feliz, muito mais bem resolvido como cidadão, passei a amar São Paulo ainda mais profundamente. O pior lugar para se viver aqui é atrás de um volante.

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