Umberto Eco (1932-2016)


Eu quis ser Umberto Eco no final da década de 1960. Enquanto os intelectuais costumavam se dedicar a temas chatíssimos e alienados da realidade, Umberto Eco escrevia ensaios sobre James Bond e Superman. Decidi que seria um sociólogo da mídia, dedicado ao estudo do que me apaixonava - quadrinhos, séries de TV, a cultura da gente comum e não dos encastelados nas torres das universidades. Meu primeiro livro (Auika!, de 1980) era uma clara demonstração da minha vontade de ser o Umberto Eco brasileiro. Rapidamente percebi que não tinha condições nem de pensar nessa possibilidade. O italiano era o gênio que escreveu O Nome da Rosa. Além de ensaísta era um brilhante autor de romances históricos. complexos e enigmáticos.

No início dos anos 1982 sobe que Umberto Eco daria uma palestra na USP. Convoquei meu amigo/intérprete Claudio Poles e fomos ao campus procurar pelo homem. Quando o encontrei, tive o comportamento típico de um fã: balbuciei palavras sem muito sentido, fiz perguntas tolas. O "diálogo" durou menos de 1 minuto e o mestre partiu sem muita paciência. Naquele tempo nem havia selfie.

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