Pornopopéia

Trabalhei com o Reinaldo Moraes escrevendo a novela Helena para a rede Manchete. Durante um período de afastamento do Mário Prata, eu e o Reinas vivemos um período de excessos, noites viradas e pilhas de scripts. Enquanto eu esquentava a cabeça para aplicar o que sabia na construção da novela, meu parceiro parecia escrever relaxado, como se fosse o próprio Machado de Assis revivido em 1984.

O Reinaldo é o escritor com menos ego que eu conheço. Tem um enorme prazer em escrever sem compromisso com nada a não ser sua própria inspiração e integridade. Depois de vários livros (Abacaxi é meu favorito) agora ele volta com Pornopopéia, pela editora Objetiva. É um senhor romance, com 475 páginas. ("Pode ser seu livro de cabeceira", me recomendou o Reinas por email: "Ou então, pelo tamanho do livro, pode ser a própria cabeceira.").

Como sempre Reinaldo Moraes faz sua ficção com absoluta liberdade de estilo, numa literatura eminentemente pop. Seu "herói" é um cineasta inconsequente que precisa fazer um vídeo para um fabricante de embutidos de frango. Não li inteiro, claro, mas em qualquer página que eu abro eu me divirto. Não posso deixar de admirar um cara como o Reinas que numa época como essa nossa deixa de atender aos fabricantes de embutidos diversos para escrever com toda a sinceridade um romance livre e pessoal de quase 500 páginas.

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