CD: Vivo!

Esse disco acima mudou muito dos meus conselhos e me ajudou ouvir musica brasileira com outra perspectiva em 1976. É a gravação do show que levou Alceu Valença de Pernambuco para a midia nacional. E assisti esse show umas quatro vezes seguidas aqui em São Paulo. Não sosseguei enquanto não falei com ele no camarim. Pedi autorização para usar sua imagem de cangaceiro eletrônico num livro que estava lançando, chamado O Ocidente é Vermelho. Ele me achou meio maluquinho mas me tratou com educação. O livro saiu, e o personagem era este:

(Ilustração: Jo Fevereiro)
O disco (em vinil) foi lançado em 1976. Ouvi até gastar os velhos sulcos. Aí meu discão foi roubado. E o CD nunca chegou a ser lançado! Eu estava há uns 25 anos sem sequer ouvir esse disco. Até hoje. Finalmente ele foi incluido na lista de relançamentos da Som Livre.

Ouvir Vivo! hoje é uma experiência e tanto. Ele deve ter feito a cabeça também de rockeiros nordestinos como Chico Science, Raimundos e Zeca Baleiro. O que chocou em 1976 foi a mistura da excelente música pernambucana (com xotes, emboladas, etc) e o rock pesado. Depois eu descobri que toda a estética de Alceu Valença era uma adaptação da apresentação de Jethro Tull para a música brasileira, incluindo uma flauta.

É um excepcional disco, que só envelheceu em alguns poucos momentos "vanguardistas". Que barato ouvir hoje Casamento da Raposa com o Rouxinol, Descida da Ladeira, Edipiana No. 1, Punhal de Prata, Pontos Cardeais, Papagaio do Futuro e Sol e Chuva. É um disco feito com fúria, ironia, entrega e muito humor. Eu compro um CD por mês, no máximo. O meu CD de outubro de 2006 chegou com 30 anos de atraso.

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